No Peru, você não pode viver, passar sem conhecer nem, muito menos, deixar de aprender as lições do legado arquitetônico milenar de alguns do seus tantos sítios arqueológicos - 19.903 para ser mais exato. Estes lugares estão cheios de inspiração, arte, história, lendas, magia do começo ao fim, que vale conhecer e dedicar um tempo para apreciar até os mínimos detalhes. São histórias plasmadas na arquitetura cujos vestígios fomentaram mistérios que talvez nos deixem mais perguntas do que respostas, mas aí está este poder de se encantar que todo o arquiteto saberá aproveitar para seguir viagem com uma visão enriquecida.
Poderíamos escrever belezas, mas é melhor conhecê-las. Assim, esta pequena lista é, mais do que um convite, uma provocação dos sentidos que se dedica a alma do arquiteto-viajante.
Machu Picchu
“Montanha Velha”. Ao sul do Peru, no vale de Urubamba. MachuPicchu, Cuzco.
O santuário histórico de Machu Picchu é um conjunto cultural e ecológico que foi um antigo povoado andino (llaqta incaica), construído antes do século XV no promontório rochoso que une as montanhas Machu Picchu e Huayna Picchu, na vertente leste da cordilheira Central. É uma obra-prima da arquitetura e da engenharia por suas magníficas construções em pedra que conformam escalonamentos e percursos de uma cidade que se assenta na paisagem com sabedoria. Ao longo da sua existência, ela cobriu-se com um véu de mistério.
Caral
Na cidade sagrada de Caral. Ao norte de Lima, no vale do rio Supe
É a cidade mais antiga do Peru, com mais de 5000 anos, por isso é o centro de civilização mais antigo das Américas. A cidade das pirâmides, os conjuntos residencias e a praças circulares. É impressionante pela concepção e complexidade dos seus elementos arquitetônicos e espaciais, sobretudo pelas plataformas monumentais de pedra e terra, assim como pelos pátios circulares baixos.
Pachacámac
“Alma da Terra”. Ao sul de Lima, no vale de Lurín.
Conjunto arqueológico que foi o centro religioso-cerimonial mais importante da costa central do Peru, por mais de 1500 anos, durante o período pré-inca e inca. Seu prestígio se devia principalmente ao seu oráculo, pois antigos povoados precedentes de todo o país faziam longas peregrinações até ele como parte de um grande ritual andino.
Puruchuco
“Sombreiro de Penas”. Costa. Ao norte de Lima, no Distrito de Ate.
Foi um centro administrativo do período Inca. É possível encontrar ali diferentes expressões arquitetônicas que datam diferentes períodos culturais: as pirâmides com rampa, um dos maiores cemitérios inca na costa central e um palácio que havia pertencido a um curaca da elite inca, que governava e administrava o território e a produção da área.
Chan Chan
"Sol Resplandecente" Na costa norte do Peru, a noroeste de Trujillo.
É a maior cidade construída em adobe da América e a segunda do mundo. Está formada por nove cidades ou pequenas cidades amuralhadas. Todo o conjunto foi a capital do reino Chimor, organização estatal da cultura Chimú.
Sacsayhuamán
"Lugar onde se sacia o falcão". Ao norte da cidade de Cuzco.
A "fortaleza cerimonial" de Sacsayhuamán é, com seus muros megalíticos, a maior obra arquitetônica que os incas realizaram durante seu apogeu. Desde a fortaleza se observa uma singular vista panorâmica dos entornos, incluindo a cidade de Cuzco, segundo o cronista mestiço Inca Garcilaso de la Vega.
Pikillacta
“Povoado das Pulgas”.No distrito de Lucre, ao sudeste da cidade de Cuzco
Conformada pelos restos de uma cidade do Antigo Peru, da era pré-hispânica, abarca uma área aproximada de 50 hectares no vale do rio Lucre e em um ambiente do curso do rio Vilcanota. Foi um dos mais importantes centros administrativos-culturais da cultura wari, entre os séculos VI ao IX da nossa era, e representa o urbanismo planificado wari por excelência. Se encontram vestígios das kanchas, tipologia que agrupada conformava todo um sistema modular na base dos padrões têxteis wari.
Chavín
Ao noroeste de Lima, no distrito de Chavín de Huántar, Ancash.
Foi o centro administrativo e religioso da cultura Chavín, construído e ocupado aproximadamente entre os anos 1500 e 300 a.C. Suas estruturas, de forma piramidal estão feitas a base de pedra e barro, são uma mostra importante da arte de construir dos antigos povoados pelo alto grau de perfeição alcançado em matéria de engenharia, no lavramento e polimento das pedras e na escultura associada com sua arquitetura. É uma complexa rede de caminhos e galerias interiores de pedra.
Huaca de la Luna
Costa norte do Peru, em La Libertad. Se encontra próximo da Huaca del Sol, entre as duas huacas estava a cidade.
Construída pela cultura Moche. Plataformas e praças delimitadas por grandes muros de adobe que servem como áreas de interconexão se destacam por estarem sobrepostos e construídos em diferentes períodos. Os componentes mais marcantes do edifício são os relevos em suas pinturas murais de cinco cores que representam, entre outras figuras, as características e atributos da divindade moche chamada Ai apaec, o deus assassino.
Kuélap
Ao noreste do Peru, na Província de Luya, Amazonas.
Sítio pré-inca que foi construído pela cultura Chachapoyas. Forma um conjunto arquitetônico de pedra com grandes dimensões caracterizado por sua condição monumental, com uma grande plataforma artificial assentada sobre a crista de uma rocha calcária no topo da montanha. Suas colossais muralhas e sua complexa arquitetura interior são evidências da sua função como um conjunto populacional bem organizado, que inclui recintos de índole administrativa, religiosa, espaços cerimoniais e de residência permanente.
Linhas de Nazca
Nas Pampas de Jumana, no deserto de Nazca. Ica.
São antigos geoglifos traçados pela cultura nazca. Estas linhas são compostas por centenas de figuras que abarcam desde desenhos simples como linhas, até complexas figuras zoomorfas, fitomorfas e geométricas que aparecem traçadas sobre a superfície terrestre.
Ao final não foram 10 e sim 11. Este último foi um presente. O beija-flor ou qualquer outra das iconografias das linhas de Nazca delineiam um sítio fundamental que deve ser visitado por todo arquiteto para que fique registrado este sentimento desde as alturas, como um pássaro que voa alto, sempre com uma perspectiva ampla.
Cabe dizer que faltou citar tantos sítios, como o caminho inca ou a cidade inteira de Cuzco, que merecem um artigo próprio. Ou seja, a lista sempre ficará pequena ou será questionável. A única verdade é que se hoje em dia temos testemunhas vivas da arquitetura antiga, é para garantirem seus lugares, escutá-las e interpretá-las ou, pelo menos, observar o que nos falam sobre o passado, para assim, projetar uma arquitetura contemporânea que seja consciente e harmoniosa.